
A
arte batizou-o de Bolondo, mas nas horas em que descansa do ofício conhece-se
por Papino Simão Mbongo. O seu sonho é ser do mundo, e alguns países já
conquistou. É em Angola que alimenta as suas raízes, mas quando nos fala é a
acentuação das letras que comprova que África não foi o seu único lar. Em
conversa viemos a saber que fez vida em França, onde participou em exposições coletivas.
Graduou-se em artes plásticas pela Academia de Belas Artes, na República
Democrática do Congo, e foi lá que passou parte da sua vida, junto da sua
família. A arte surge-lhe na infância e o formato que assume é em banda
desenhada. Hoje, não são mais as histórias aos quadradinhos que lhe impulsionam
a veia artística, mas a mulher retratada à luz do expressionismo. A cor é-lhe
sinónimo de vida, daí a explosão cromática em cada obra que pinta. O que o
guia? O instinto. Quem o inspira? Deus. Quando questionado sobre a origem do
nome artístico, rapidamente responde: «Bolondo é um nome com poder em Angola,
como um embondeiro, a árvore típica do país». Só passado algum tempo é que
percebemos do que fala – após alguma reflexão. O embondeiro é a árvore que contempla
o mundo com vagar e experiência, só tem folhas na altura devida e é económica
nos gestos. Tal como o modo de ser de Bolondo. O embondeiro sussurra África, o
seu pôr do sol escaldante, as suas cores garridas e as mulheres que carregam os
filhos de uma nação ao peito. Tal como a arte de Bolondo. A analogia ficou-nos
gravada na memória, e este parece ser um bom ponto de partida para o ficar a
conhecer.