Um
dos seus objetivos, enquanto presidente da Federação Angolana de Golfe
(FAGOLFE), é expandir o golfe a todo o país. De que forma é que isso se vai
concretizar?
A
Federação tem o projeto de desenvolvimento da modalidade assente em três
pilares: 1.º Desenvolvimento de Infraestruturas; 2.º Formação; 3.º Competições.
O
desenvolvimento de qualquer modalidade só é possível quando existem estruturas de
apoio para a prática e competição. Neste sentido, o maior constrangimento do
golfe, em Angola, é o modesto número de estruturas de campos de prática (driving
ranges) e campos de golfe. O desenvolvimento da modalidade passa por
investir na construção de estruturas de prática e campos de pitch and putt
pelas principais províncias, de preferência em locais onde a população tenha
acesso, transformando estas estruturas em centros de promoção e desenvolvimento
do golfe.
A
formação representa um pilar central no desenvolvimento sustentável da
modalidade. Em conjunto com a R&A, criamos o programa «Escolas Nacionais de
Golfe», para incentivar crianças em idade escolar. Este programa passa por
estabelecer acordos com clubes e escolas, no intuito de formar novos talentos e,
também, instrutores de golfe. No golfe, assim como nas demais modalidades
desportivas, é importante que se invista nas pessoas, para que possam criar
valor e contribuir para uma sociedade melhor.
No
quadro das competições, é necessário promover um calendário regular de torneios,
de forma a manter o espírito competitivo. Neste sentido, a Federação estreitou
laços com a instituição responsável pelo ranking internacional e tornou possível
o reconhecimento dos torneios organizados pela Federação. O reconhecimento dos torneios
permite aos atletas acumularem pontos para figurarem no cenário internacional
da modalidade.
Pretende
implementar meios para formação de novos golfistas?
O
surgimento de novos golfistas, ou o aumento da população praticante de golfe,
de forma sustentada, passa necessariamente por atrair os jovens em idade
escolar, por ensinar na escola uma modalidade que possam praticar para o resto
das suas vidas. As escolas podem ser o maior catalisador da iniciação do golfe,
seja no espaço físico da escola ou no campo de prática mais perto.
O
seu prepósito é colocar Angola ao nível de um destino turístico de golfe?
Os
dados sobre o impacto do golfe no turismo, em diversos países, demonstram que a modalidade contribui
de forma significativa para o setor. A Federação deve e pode contribuir para a promoção
do golfe como a âncora na atração de turistas para Angola. Nos Estados Unidos
da América, a indústria do golfe contribui com 84 mil milhões de dólares,
anualmente, para a economia, dos quais aproximadamente 24 mil milhões são
gerados com turismo de golfe. No continente africano, temos o exemplo do Quênia,
que possui 41 campos de golfe, e da África do Sul, com mais de 400 campos. Por
isso, também em Angola, as cadeias hoteleiras existentes e as futuras devem
investir em espaços voltados para a prática da modalidade, como, por exemplo,
espaços indoor com simuladores de golfe ou campos de golfe de 9 buracos.
Pois, ao desenvolver infraestruturas de golfe de alta qualidade, ao organizar
eventos e torneios de golfe e ao promover os recursos naturais e culturais de
Angola, é possível posicionar o país como um destino turístico de golfe.
Através de parcerias e iniciativas estratégicas, a Federação de Golfe pode
desempenhar um papel importante na promoção do turismo de golfe, em Angola.
Para
Angola ser considerada um destino de golfe, necessita de ter, no mínimo, três
campos de golfe. Existem já projetos em curso para a criação de novos campos?
Existem
investidores interessados, mas, até ao momento, não há nada em concreto.
Que
outro contributo, além de gerar turismo, dá o golfe ao país?
O
golfe, aliado ao turismo, pode contribuir para a diversificação da economia, ao
dinamizar a indústria do turismo e através da criação de novos postos de
trabalho. Para tal, temos de ser capazes de atrair as principais redes de
hotelaria e investidores do setor.
Elevar
o golfe angolano está a ser o seu maior desafio. Desde que assumiu o cargo, o
que já mudou?
Quando
aceitei o desafio, a Federação ainda não tinha o reconhecimento do ministério
de tutela, por não preencher os requisitos legais. Hoje, podemos dizer que
temos uma Federação reconhecida nacional e internacionalmente pelos principais
órgãos reguladores da modalidade. Somos membros da R&A, membros da
Confederação Africana de Golfe e do Comité Olímpico Angolano. Somos uma autoridade
de handicap devidamente reconhecida,
pela autoridade mundial de handicaps,
o que permite aos jogadores federados jogarem em competições internacionais, ou
em campos que exijam esta certificação. Realizámos o primeiro campeonato nacional,
realizámos o Campeonato Africano da Região
5, com sucesso, conforme consta do relatório da Confederação Africana e da
R&A, e criámos o programa «Escolas Nacionais de Golfe», que hoje conta com
mais de 80 crianças. Mas temos noção da enorme estrada que a Federação tem de
percorrer, enquanto reguladora da modalidade, principalmente na criação de infraestruturas
e formação dos agentes da modalidade.
«As
escolas podem ser o maior catalisador da iniciação do golfe»