
O luxo é um domínio
inesgotável, controverso, que sempre serviu de objeto de estudo a filósofos e
autores pela curiosidade que desperta em redor da sua existência. As definições
que o envolvem são incomensuráveis. Os dicionários formais afirmam ser a «ostentação
da riqueza», «qualquer bem ou objeto de custo elevado». Já Voltaire percecionava
o luxo como um símbolo de crescimento de uma nação, ao passo que Rousseau defendia
ser a ociosidade e a vaidade do Homem, corrompendo os costumes e enfraquecendo
a virtude. A frase «algumas pessoas julgam que o luxo é o contrário de pobreza.
Não é. É o contrário de vulgaridade» também ficou conhecida nos discursos de
Coco Chanel. Além dos incontáveis significados, importará comparar a simbologia
do luxo atual com a dos primórdios da humanidade. No início, era sobre o
espírito. Não começou pelos bens de preço elevado ou pelo fausto, mas em nome
da generosidade, de uma relação de reciprocidade que o luxo simbolizava entre
os mundanos e o transcendente. Aos deuses, ofereciam talismãs e objetos de
culto que, por mais preciosos que fossem, não tinham valor monetário. E assim
se manteve até à Antiguidade, altura em que as ligações de partilha se
transformaram em relações de subordinação.