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Maroliv – International Group SGPS

Por uma Angola industrializada

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Fundado em 2021, o Maroliv-International Group SGPS tem na sua base várias empresas de distintos setores. Estando presente também em Portugal, prepara-se para apostar noutros países como República Democrática do Congo, Marrocos e Ruanda. Através das suas indústrias, disponibiliza ao mercado angolano produtos que vão desde manuais escolares, mobiliário escolar e material didático ao pescado em alto-mar. A gerir esta grande diversidade está António de Sousa Marques de Oliveira, nascido há 50 anos em Angola, com for- mação académica em Portugal, onde se licenciou em Gestão de Marketing. Com 25 anos, tornou-se empresário, atrevendo-se a colocar em prática as ideias que pairavam na sua cabeça, e nunca mais parou.
Em 2020, com o eclodir da crise pandémica, sentiu necessidade na restruturação das muitas empresas que detinha, António Oliveira funda o Maroliv-International Group SGPS, sendo também uma forma de cada empresa não ficar limitada a um determinado nicho de mercado, mas expandindo-se e encontrando mais possibilidades de diversificação e outros mercados, nacionais e internacionais. E, sendo uma SGPS, garante a gestão de participações sociais noutras sociedades de forma indireta do exercício das atividades económicas de cada uma. Sendo, ao mesmo tempo, permitida a prestação de serviços técnicos de administração e gestão às empresas suas participadas, tal como a concessão e obtenção de financiamentos. A finalidade desta estrutura é crescer em número de ativos, diversificação de setores e partir para a internacionalização com mais robustez: «Estamos numa fase de desenvolvimento em que devemos olhar, não só para o mercado de Angola, mas também para o mercado africano e, ao mesmo tempo, para o mercado mundial, e, neste sentido, estamos a separar o que se pode fazer em termos individuais de cada empresa e o que se pode fazer como SGPS», declara António Oliveira.

«Devemos olhar, não só para o mercado de Angola, mas também para o mercado africano»

Existe uma particularidade, talvez um modelo hereditário: todas as empresas em Angola usam a palavra UNI precedida de outras e assim encontramos: UNIMAP, fundada em 2004, UNIANGOLA, fundada em 2006, UNIMATER, fundada em 2007, e UNIDECOR, fundada em 2017, destacando as mais importantes. Porém, ainda não havia intenção para se formar um grupo e já o jovem gestor pensava que em Angola só valia o investimento se houvesse diversificação, não ficando vinculado apenas a um segmento de mercado, mas sim apostando na indústria com uma razão: «Em 2011 percebemos que Angola precisava urgentemente de industrialização e realizámos um projeto estratégico no sentido de saber como poderíamos industrializar as nossas empresas, fazemos estudos de mercado com consultores e chegámos à conclusão de que existiam setores-chave que serviriam para nos industrializarmos», refere António Oliveira. 
Deste modo, com a UNIANGOLA, entrou na indústria da pesca em alto-mar, como recorda: «Comprámos o primeiro navio de pesca em 2011 e a nossa operação teve início em janeiro de 2012. Hoje temos quatro navios industriais e, no setor, somos uma das empresas, totalmente angolana, mais consolidadas. Os nossos navios são de bandeira angolana». Estes navios, que pescam por arrasto cumprindo as regras – com redes de malha larga para que peixes mais pequenos não sejam capturados, cumprindo a obrigatoriedade de preservação da fauna e do meio ambiente. Têm capacidade para congelação ainda no mar, como explica Jorge Pinto, responsável pela direção de exploração da empresa de pesca: «Temos, nos nossos navios, capacidade para congelar 1500 toneladas de pescado/m s, navegamos nas águas territoriais angolanas até ao limite do paralelo 17, que faz fronteira com a Namíbia. O peixe captura- do mais comum é o cachucho, pescada, carapau e peixe-galo, também apanhamos corvina, garoupa... Tudo para consumo em Angola». A congelação do pescado utiliza tecnologia de ponta, para que o grau de frescura não desapareça. Para isso, após a captura, o peixe leva uma leve lavagem e logo de seguida entra nos túneis de congelação, que estão nos porões dos navios, onde é embalado em caixas de cartão seladas.

«Percebemos que Angola precisava urgentemente de industrialização»

Em termos de postos de trabalho, a UNIANGOLA gera cerca de 225 empregos diretos, onde se inclui oito expatriados, e perto de 700 indiretos. Embora os marinheiros tenham certificado para navegar, a formação para pesca e acondicionamento do pescado é realiza- da nos navios. Quando António Oliveira percebeu que o caminho seria a industrialização, planeou direcionar-se para o setor da educação, oferecendo um pacote qua- se chave na mão, com material escolar, livros e material didático fabricado na UNIDECOR: «Fizemos esta unidade no polo industrial da Catumbela, em Benguela, porque não queríamos estar só em Luanda. Lá fabricamos o material didático, como lápis, borrachas, lápis de cera, giz, cadernos, que pretendemos exportar, esse será o próximo objetivo». 
A funcionar também neste polo está uma indústria especializada, a Maroliv – Steel Furniture, no fabrico de mobiliário escolar, a primeira no país, bem como para ambiente hospitalar e escritórios, usando avançada tecnologia de soldadura robotizada e pintura electroestática que permite a durabilidade das peças fabricadas. 
Outra empresa é a UNIMATER, que é uma indústria gráfica, onde se faz de tudo e mais um pouco, desde cartões de visita a grandes forma- tos, mas foram os manuais escolares que deram a grande alavanca, como salienta o seu diretor-geral, João Botelho: «A gráfica foi aberta porque se percebeu que havia oportunidade para produzir livros escolares, mas agora não estamos dependentes deste material e produzi- mos todo tipo de economato, livros para editoras e muitas outras peças, e estamos também a apostar nas embalagens de vários formatos e rótulos». Esta indústria gráfica gera perto de 80 postos de trabalho, executando cerca de oito milhões de livros escolares, e a formação aos trabalhadores é continua, apesar de terem contratado alguns com experiência de outras empresas similares que encerraram, fruto da conjuntura nacional. 
Com tantas indústrias de que o continente africano precisa, o sal- to para outros países já se iniciou, como revela António Oliveira: «Neste momento, já estamos a internacionalizar para a República Democrática do Congo; Marrocos será uma parceria no setor das pescas e, no Ruanda, contamos, em 2023, implantar uma unidade gráfica, mas mais direcionada para embalagens». 

«Com muita resistência e força, fomos ultrapassando os obstáculos»

Destacado e premiado várias vezes, pelo desenvolvimento do seu trabalho, António Oliveira reconhece que «os prémios são motivadores e trazem o reconhecimento da resiliência do empresário angolano. Vivemos anos difíceis, com uma crise avassaladora que iniciou em 2015 e perdura até aos nossos dias. Começou por ser financeira, passou a económica e tornou-se social com a perda de rendimento das pessoas, provocando desequilíbrios sociais. As nossas empresas e pessoas não ficaram imunes mas, com muita resistência e força, fomos ultrapassando os obstáculos, com extrema dedicação e sacrifícios dos nossos colaboradores, aos quais devemos prestar homenagem e reconhecimento». 
Sensível às causas sociais, António Marques de Oliveira e colaboradores criaram uma forma de apoiar pessoas e instituições, onde se destaca o Lar Horizonte Azul, uma casa cheia de meninas órfãs de guerra e abandonadas, com graves dificuldades de integração. Com doações monetárias, livros escolares, material didático, construção e apetrechamento de salas de au- las, esta instituição proporciona igualdade de oportunidades, direta e indiretamente, a mais de 500 crianças e jovens, para que a sua integração na sociedade seja e eficaz. «Também queremos incentivar algumas destas meninas, que estão a terminar a universidade, a trabalharem nas nossas empresas, queremos proporcionar-lhes um futuro com qualidade e emprego certo», esclarece o jovem gestor, António Oliveira, mentor de dezenas de ideias e projetos, na sua maioria já concretizados, mas que fazem antever outros, que irão nascer nesta nova década, cheia de desassossegos e que há pouco tempo se iniciou. 
António Oliveira, fundador do Maroliv – International Group SGPS
António Oliveira, fundador do Maroliv – International Group SGPS
T. Cristina Freire
F. Edson Azevedo