
Nossa Identidade
Fale-nos um pouco de si. Sabemos que nasceu na província do Bengo e que o seu nome verdadeiro é Augusto Guilherme...
Sou o Guizef, artista plástico angolano. A arte é um dom que se destacou em mim bem cedo, embora na minha formação académica não tivesse seguido artes. Gostava de ter ingressado na prestigiosa Academie Des Beaux Arts, mas não foi possível. Segui estudos na área da psicologia e, mais tarde, formei-me em design gráfico.
Quando é que surgiu essa necessidade artística dentro de si?
Bem, depois de não entrar no curso que desejava, continuei a fazer arte, mas apenas como hobby. Em 2012 e 2013, um amigo pediu-me insistentemente que fizesse uma exposição. Ele dizia que eu era bom, e acabei por aceitar. Devo dizer que a reação do público foi uma surpresa para mim. Desde julho de 2014, ano da minha estreia, até hoje, a arte tornou-se o centro da minha atividade.
Porque é que optou por utilizar o pseudónimo de Guizef?
O meu nome completo é Guilherme Augusto Zeferino, mas houve uma pequena falha nos serviços de registo e perdi o apelido «Guilherme». Ainda assim, como o nome me pertencia, acabei por juntá-lo a «Zeferino», dando origem a «Guizef».
Em todas as peças expostas são retratadas as cores, vestes, adereços, manifestações e envolvências culturais do povo angolano. Angola é a sua musa?
Sem dúvida. África, em geral, é uma fonte inesgotável de inspiração, mas Angola é a minha eterna musa.
O rosto da mulher africana costuma também estar presente. É-lhe especial a figura feminina?
O papel preponderante da mulher africana no seio familiar é inquestionável, por funcionar como um equilíbrio. Sem esquecer que a Mãe Natureza foi generosa com a mulher, atribuindo-lhe os traços estéticos mais pronunciados, a intuição feminina, etc... São esses e outros aspetos que permitem que a figura feminina esteja, quase de forma natural, no centro do meu processo criativo. Sem esquecer também a minha esposa, Dina Unsende, que é a minha inspiração contínua.
Pinta o que vê ou vê o que pinta?
Para criar, muitas das vezes, começo com um tema imaginário que vai constituir a mensagem que pretendo transmitir. Depois, vou procurar imagens, capturando fotografias que me possam ajudar a dar corpo à minha obra. O resto já passa por ir além da imaginação.
«O papel preponderante da mulher africana no seio familiar é inquestionável»