Villas&Golfe Angola
· Gestor, CEO Grupo Cha · · T. Joana Rebelo · F. Edson Azevedo

Helt Araújo

«Só o trabalho em equipa é que permite vencer campeonatos»

PMMEDIA Pub.
Preparado para desbravar caminhos em nome da gastronomia angolana, Helt Araújo apresenta-se como gestor do Grupo CHA. Diz-se fiel aos seus princípios e garante não criar barreiras entre as vidas pessoal e profissional. Conhecido por pintar à mesa as cores do seu país, o angolano assume que a experiência o fez líder, não escondendo o longo caminho que tem vindo a percorrer. Quanto ao sucesso? O chef de tantos e variadas receitas admite que, para tal, não existe receita.
Com ou sem farda de chef, o Helt é a mesma pessoa?
Sou um homem fiel aos meus ideais e que tem sempre a mesma postura, com ou sem farda.

De que forma é que a equipa resgata, reinventa e valoriza a gastronomia angolana?Começámos por criar um projeto de investigação, que se chama OVINA YETU, e estamos agora a transformá-lo numa fundação. Assim, através da Fundação Ovina Yetu, criámos um caminho para a investigação, o registo, a sistematização, a reflexão, a escrita e a divulgação da história da gastronomia e dos produtos nacionais.
O projeto OVINA YETU nasceu da procura pela (desconhecida) história da gastronomia angolana, desde os produtos às técnicas e outros saberes, com vista a contribuir para uma cozinha mais autêntica. É fundamental conhecer os produtos locais para lhes dar uso e, consequentemente, ajudar a fortalecer produtores que usam métodos de produção mais sustentáveis e em sintonia com os ecossistemas angolanos. Preocuparmo-nos com cada etapa do produto, desde a terra ao prato, assim como valorizarmos a cultura alimentar de cada local e todas as esferas que por ela são influenciadas, dizem respeito às escolhas que estão intimamente ligadas com a filosofia que gerou o OVINA YETU. Dar a conhecer o ADN gastronómico angolano é a missão do projeto. Este meio poderá ser o verdadeiro caminho para a valorização da nossa gastronomia. 

Como é que gere tantos espaços ao mesmo tempo e quais as maiores dificuldades que encontra em administrar equipas tão distintas?
Sem dúvida que o segredo passa, primeiro, por criar uma identidade empresarial e definir o respetivo propósito. Depois, é apostar no capital humano, que é a minha maior valia. Este é o caminho que tenho percorrido diariamente, para a capacitação das equipas e para a potencialização de uma filosofia de grupo.  

Tornou-se um gestor no ramo da restauração. Quando soube que este seria o seu caminho?
Acabou por ser natural. O esforço de materialização de um dos meus primeiros projetos (que vai ser um dos últimos), o OVINA YETU, despoletou a criação de outros. E, com o culminar desta polivalência, o percurso de gestor/chef tornou-se mais ágil.  

Que ambições tem para si e para os espaços que gere? 
Atualmente, o maior foco é colocar os projetos em funcionamento, na sua totalidade. O restaurante Flor do Duke by Chef Helt Araújo e o catering da aviação Palatum by Chef Helt Araújo estão a todo o vapor. Em 2024, a equipa vai consolidar o projeto Q88, finalizar o restaurante Xé Nu e ativar a marca de catering terreste, a Nativu. Encontro-me, também, em fase de expansão internacional, com o projeto InCase by Chef Helt Araújo, que será a marca de catering em Portugal e cujo lançamento se prevê em abril do próximo ano. E, com tudo isto, surge a responsabilidade interna de trabalhar o ADN corporativo, para que seja transversal a toda a estrutura empresarial do Grupo CHA. Falo, inclusive, de um crescimento de quadros para 350 trabalhadores, em 2024.

«Somos todos falhos, devemos é assumir o risco de forma calculada»
Existe uma receita para o sucesso, seja na cozinha ou no mundo empresarial?
Existe a premissa de nós (equipa) estarmos focados na meta que pretendemos atingir, embora não haja uma receita concreta para o sucesso, já que ela se revela mutante e dinâmica, tal como as derrotas e vitórias da vida. Sabendo que os nossos princípios, como Grupo CHA, são a confiança, a honra e a autenticidade do processo, e sabendo de antemão que o talento vence jogos, depreendo que só o trabalho em equipa é que permite vencer campeonatos. Como digo sempre: «o caminho faz-se caminhando». 

Quando foi a última vez que teve medo de falhar? 
Aprendi que a falha faz parte do processo de crescimento, pelo que ter medo de falhar acaba por nos tornar mais fortes, durante todo o processo. Somos todos falhos, devemos é assumir o risco de forma calculada, sabendo que às vezes não se pode jogar com a imprevisibilidade. Ainda assim, é isto que torna a vida bela e excitante. 

Se fosse jantar com o ator Will Smith, onde o levaria? 
Se tivesse a oportunidade de jantar com o Will Smith, convidá-lo-ia para minha casa, porque jantar no contexto do lar traz afeto, carinho, cumplicidade, gratidão e respeito. São poucas as pessoas que têm a felicidade de jantar em casa do chef Helt Araújo.
T. Joana Rebelo
F. Edson Azevedo