Villas&Golfe Angola
· Gestor, CEO Fabrimetal  · · T. Joana Rebelo · F. Edson Azevedo

Luís Diogo

«Somos (...) os pioneiros na produção de aço»

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O currículo é extenso, pelo que a pós-graduação em administração de empresas e a graduação em revisão de contas e auditoria chamam a atenção para o desenvolvimento de um percurso que o conduziu ao cargo de CEO da Fabrimetal. Antes disso, Luís Diogo conheceu outras organizações, outras filosofias, outras áreas. Prestou serviço militar por oito anos, conheceu mundo e, atualmente, vive em território africano, feliz. As skills de gestor fizeram-no membro atual da direção da Associação das Indústrias de Materiais de Construção de Angola, e a capacidade que detém em encontrar um equilíbrio entre as vidas pessoal e profissional tornaram-no um homem realizado. É tempo de conhecer Diogo, como pessoa e gestor. 

De que forma a Fabrimetal tem contribuído para a diminuição da dependência de importações e, consequentemente, fomentado o desenvolvimento das infraestruturas em Angola?
A Fabrimetal começou a investir no país através do setor industrial e, em 2010, iniciou a produção do varão de aço para armaduras de betão, algo que, até então, Angola não produzia, apenas importava. Somos, por isso, os pioneiros na produção de aço. Na altura de maior crise, investimos e demos uma oportunidade ao mercado interno, que enfrentava graves dificuldades de importação devido à escassez de divisas. Criámos valor acrescentado ao país. Atualmente, temos vindo a aumentar, de forma consistente, a presença no mercado e, consequentemente, a nossa capacidade produtiva. Começámos com uma produção de 2 000 toneladas mensais e, hoje, estamos nas 15 000.  

Num mundo em constante transformação, como é que tentam antever as necessidades do mercado, de forma a dar respostas mais imediatas?
Estamos focados no nosso core business, pelo que não divergimos. Da nossa parte, existe a procura contínua em superar as expectativas e as necessidades dos nossos clientes. Aliás, em 2020, reforçámos os investimentos com um aumento da capacidade produtiva, iniciando a produção de barras retangulares, cantoneiras e perfis, produtos estes que o país importava por inexistência de produção local. 

Há um grande receio de que a Inteligência Artificial dizime a mão de obra humana. Partilha desta opinião ou considera que poderá ser uma das soluções para a escassez de talento tech, que é tão comum na indústria?
Não creio que a Inteligência Artificial possa substituir a mão de obra humana. Entendo, sim, que possa ajudar na melhoria dos processos de eficiência, introduzindo uma maior automatização em determinadas áreas, o que poderá evitar repetição de tarefas e possíveis falhas. As organizações são feitas de pessoas, sendo estas o seu maior ativo. Existem outras formas de colmatar alguma escassez de talento... 

«Gosto do que faço, gosto de África»
Até 2031, a Fabrimetal ambiciona estar presente entre 15 e 20 países. Que estratégias está a adotar para a respetiva expansão e como planeia reduzir a pegada de carbono?
O grupo empresarial a que a Fabrimetal pertence está presente, de forma direta e com indústrias instaladas, em nove países do continente africano. A estratégia será a de dar continuidade ao que tem vindo a fazer, com foco no core business. Continuará a produzir produtos locais de uma qualidade reconhecida a nível internacional, apostando nas comunidades locais a partir de ações de responsabilidade social.
Relativamente à questão ambiental, o processo produtivo da marca é, por si só, «amigo» do ambiente, na medida em que está inserido na economia circular. A Fabrimetal adquire resíduos ferrosos, dá-lhes o devido tratamento e transforma-os em produtos de qualidade internacional.  

Acha que a empresa tem construído bases sólidas para um futuro próspero em Angola? 
Estamos convictos de que estamos a dar o nosso melhor! Produzimos localmente, utilizando essencialmente matéria-prima nacional. Empregamos um número significativo de trabalhadores, cerca de 750. Reduzimos as importações do país e estamos a posicioná-lo como um forte fornecedor de aço no mercado externo, gerando divisas. 

Prevê que 2024 seja um ano favorável para a indústria?
Acredito que venha a ser um ano desafiante, tal como tem sido o ano em curso. Penso que a indústria vai crescer, intensificando a sua contribuição para o produto interno bruto do país.

Como CEO de uma organização, já experienciou alguma situação que o fizesse perceber a importância do work life balance e a saúde mental?
 Sim! Temos de manter o equilíbrio, caso contrário tudo perde a razão de ser.  

Os melhores anos da sua vida ainda estão por vir?
Não sei se os melhores anos ainda estarão por vir, mas a verdade é que espero ter muito tempo para viver e experienciar. Já possuo cerca de 29 anos de experiência profissional. Fui militar durante oito anos, estive inserido no setor automóvel por mais sete e, desde 2017, encontro-me no setor industrial em funções de diretor-geral, entre Angola, Moçambique e outros países africanos. Gosto do que faço, gosto de África! 

O sucesso é um conceito subjetivo?
Não, nem cai do céu! Para mim, sucesso é o resultado de muito trabalho, dedicação, integridade, ética e sentido de dever. É liderar de forma exemplar e não ter medo de aprender todos os dias.
T. Joana Rebelo
F. Edson Azevedo