Villas&Golfe Angola
· Setor da Educação · · T. Filomena Abreu · F. Edson Azevedo

Noelma Viegas D’Abreu

«Pautamo-nos por rigor e excelência»

PMMEDIA Pub.

A presidente da Comissão Executiva da Fundação e da Academia BAI tem anos de casa suficientes para comprovar o ditado «o caminho faz-se fazendo». E tem-se feito, mas à custa de muito suor e lutas permanentes. Com o objetivo de criar e oferecer programas que permitam dotar profissionais de competências técnicas e estimular o recurso a múltiplas inteligências, esta instituição tem dado o melhor de si para aumentar o potencial da maior riqueza que um país pode ter: as suas gentes. No ano em que completam uma década, fazem-se balanços e traçam-se as próximas metas. Sem esquecer que a responsabilidade social é um dos pilares que sustenta esta grande estrutura que já ultrapassou as fronteiras de Angola.

Como descreveria a relação entre o trabalho realizado pela Academia e pela Fundação BAI e o desenvolvimento da indústria e da sociedade em Angola?
Quando se trabalha tendo como perspetiva e missão o desenvolvimento de competências, sejam elas técnicas ou comportamentais, como é o trabalho que temos vindo a desenvolver, sem dúvida que descrevo esta relação como sendo de construção, contributo ativo para o desenvolvimento da nossa sociedade. Não só para o setor da indústria, mas também justamente pela importância que tem.
Para produzir, seja em que ramo da indústria for, desde a indústria extrativa, transformadora à produtiva, é preciso, além de matéria-prima, laboratórios, máquinas, tecnologia, e são precisos homens e mulheres competentes com conhecimento que lhes permitam utilizar, otimizar, criar e aumentar a produtividade, crescer, atingir níveis de eficácia e de alto rendimento que, acredito, só conseguimos com o saber fazer bem, de modo sistemático e recorrente.
Ora, esta tem sido a nossa principal preocupação, criar e oferecer programas que permitam, por um lado, dotar profissionais de competências técnicas, mas também estimular o recurso a múltiplas inteligências, nomeadamente inteligência social, autogestão, empatia, competências que não aprendemos em nenhuma escola técnica, mas que determinam, em grande medida, o salto do potencial e talento para o desempenho de alto rendimento, e que nos ajudará a viver com outro tipo de recurso neste atual, dito mundo BANI (Brittle, Anxious, Nonlinear e Incomprehensible).
Todos sabemos que podemos agir de determinada forma, respeitando a diversificação étnica, cultural e geracional, não nos esquecendo que estamos inseridos num mundo em relação ao qual não podemos ter dúvidas de que é global. O que acontece na China tem repercussões aqui, como bem vimos.
Temos também consciência de que para haver desenvolvimento é preciso que os mercados financeiros nos permitam, e estes funcionam de acordo com princípios universais. Por esse motivo, os nossos programas começaram por ser muito vocacionados para este setor, e os alunos têm acesso e vivenciam experiências enquadradas numa perspetiva ampla, mas com o contexto e a legislação local.

Considera que o trabalho e o prestígio das instituições que dirige já ultrapassaram as fronteiras de Angola?
Tenho a certeza de que sim, mas temos um caminho ainda a percorrer para assegurarmos certificações internacionais relevantes que fazem parte dos nossos objetivos e estratégia.
Mas, para já, posso dizer que o nosso trabalho, embora, inicialmente, vocacionado para o mercado local, é sustentado em práticas de gestão válidas em qualquer lugar do mundo. Estabelecemos parcerias logo desde o início da nossa atividade, com escolas como, por exemplo, a Católica Lisbon School que tem um histórico de qualidade muito bom; mais tarde, também o fizemos com a ESAI, o ISEG, a Academia VdA, MTW, IVENS, e isso tem vantagens mútuas, pois conseguimos oferecer programas sobre determinadas matérias e com uma qualidade que dificilmente poderíamos alcançar só com docentes nacionais.
Assim, o conhecimento do nosso trabalho tornou-se evidente. Também por esse motivo, do nosso lado, trabalhamos com dedicação, empenho, criamos juntos novos produtos que, de outro modo, seriam totalmente diferentes. É importante referir que os programas conjuntos são, muitas vezes, desenhados em parceria e são leccionados tanto por docentes estrangeiros, como por docentes da Academia BAI/ISAF. Estes docentes estão completamente envolvidos nos programas, pelo que também beneficiam da experiência que é lecionar noutros níveis.
As parcerias com instituições com uma vocação internacional alargam o âmbito geográfico da atuação, e se os professores conhecem outras realidades, os alunos também, e o nosso nome e marca vão-se escrevendo noutros lugares. Por outro lado, a pandemia alargou-nos os horizontes porque tivemos a capacidade de criar e oferecer um Formação on-line, mas com um foco nos países de língua portuguesa. Destaco o ciclo de webinares a que chamamos «O Livro Branco da COVID-19», realizado em parceria com o IPP de Cabo Verde e o CEJES de Angola, que contou com a participação de oradores dos vários cantos do universo lusófono e, nesse contexto, tivemos participantes de diversos países. Logo a seguir, conquistamos um espaço para estes países e, em alguns cursos, sobretudo em pós-graduações, temos alunos que não são de Angola ou não residem em Angola.

«Sabíamos que necessitávamos de dar à comunidade uma oportunidade para a aprendizagem fora do contexto de sala de aula»

As vossas áreas de atuação abrangem a Educação, a Saúde e Bem-Estar Social, a Arte, a Cultural e o Desporto, mas a solidariedade social também tem assumido uma fatia, cada vez maior, na vossa agenda. Pode falar-nos um pouco sobre esta decisão?
Este projeto, desde a sua génese, já tinha subjacente a importância da solidariedade social para o seu desenvolvimento e crescimento. Ao criarmos, em 2013, as rubricas «Grandes Obras Grandes Filmes», «O Livro da Minha Vida», «Poesia à Quarta-feira» e «Palavra D’Autor» tínhamos como grande preocupação encontrar espaços para a troca de ideias e reflexão, com um cariz gratuito, que despertassem a curiosidade do público em geral, mas em particular dos jovens, pois sabíamos que necessitávamos de dar à comunidade uma oportunidade para a aprendizagem fora do contexto da sala de aula.
No fim de 2013 tinham participado em eventos culturais 325 pessoas, sendo para nós o ano de 2018 um marco, pois foram 16 824 as pessoas que nos visitaram. Por esta altura, já tínhamos diversificado a nossa oferta cultural agregando «Meu Mundo Meu Futuro», «À Conversa Com» e outros workshops e conferências, sempre com o intuito de suscitar a discussão e análise de temas pertinentes para todos os quadrantes da nossa sociedade.
A responsabilidade social corporativa esteve sempre subjacente à gratuitidade das nossas atividades culturais, pois os nossos oradores convidados doavam o seu tempo permitindo-nos não cobrar à assistência, sendo também a instituição a responsabilizar-se pelos custos de produção destes eventos.
Como refere a nossa missão, queremos contribuir para o desenvolvimento de quadros superiores, fomentando o conhecimento, as competências técnicas, comportamentais e culturais numa transferência contínua de saber, e acreditamos que o temos feito nos vários níveis de ensino que fomos implementando, na aposta em curricula com uma forte vertente extracurricular e numa cultura organizacional que privilegia o servir com excelência, ética e cooperação, o que nos levou a adquirir um carácter fundacional e estarmos hoje a desenvolver o nosso trabalho à luz de quatro pilares de intervenção: Educação, Saúde e Bem Estar, Cultural e Desporto, podendo chegar a mais pessoas, mas tendo sempre presente a importância e o papel da educação para o desenvolvimento das nações.

Uma comunidade e um país precisam, necessariamente de investir na formação, em todas as áreas, da sua população. Nesse sentido, as suas instituições, além de prestarem um serviço ao país, são também um exemplo a seguir por outros?
Acredito que todos devem contribuir para a mudança, e sabemos o peso que a educação e formação/instrução têm para o desenvolvimento dos países. A nossa instituição, assim como outras, tem feito um trabalho que visa a capacitação dos quadros e jovens angolanos. Como referi anteriormente, desde a nossa criação, temos como objetivo apoiar, incentivar e dinamizar o ensino, quer seja em sala de aula ou fora dela, pois para nós bons profissionais adquirem competências técnicas, mas também comportamentais.
Pautamo-nos por rigor e excelência, por parcerias construtivas e por uma crença na valorização do conhecimento. Se seremos um exemplo a seguir, dir-nos-á o tempo, pois trabalhamos visando a melhoria contínua, servindo a quem nos procura com qualidade e competência, almejando tornarmo-nos uma escola de referência a nível nacional e internacional.

Que números nos podem apresentar que demonstrem a eficácia do trabalho que têm realizado ao longos destes anos?
Ao longo destes nove anos de atividade, a Fundação BAI/Academia BAI tem sido uma referência na formação e capacitação de milhares de angolanos, e não só, que diária e continuamente beneficiam de formadores, professores e outros profissionais de excelência do mercado nacional e internacional.
O nosso Instituto Superior de Administração e Finanças (ISAF) oferece três licenciaturas e, desde o início da sua atividade, em 2017, já se matricularam 1515 alunos, dos quais 226 jovens de nove províncias beneficiaram de bolsas de estudo integrais.
Na nossa área de formação profissional, desde 2021, já foram ministradas mais de duas mil ações de formação, entre formações em sala, on-line, e-learnings, fóruns, palestras, seminários e team-buildings, envolvendo quase cem mil formandos, entre particulares e colaboradores de instituições de diferentes setores do domínio público e privado, totalizando mais de oito milhões de horas de formação.
Os números são, sem dúvida, fundamentais para medir e avaliarmos o impacto que a Fundação BAI/Academia BAI tem tido na vida das pessoas e das organizações. No entanto, existem resultados e sensações imensuráveis, que por vezes se resumem a um simples sorriso ou um caloroso «obrigado», e é isso que nos move!

Que balanço faz destes anos da Academia BAI?
São nove anos de história e estórias desde a inauguração oficial em 2012, e para nós o tempo é algo precioso, pois não volta atrás.  Sou suspeita, pois fui convidada para integrar o projeto, para o desenho do conceito, em 2010 e ainda hoje me recordo da primeira visita que fiz ao local cujo terreno tinha apenas alicerces e o início das obras de construção.
Completo este ano dez anos de trabalho neste projeto e digo, com muita gratidão, que tem sido um prazer, sobretudo pela equipa, pela cultura e pelo que consideramos que estamos a dar à nossa sociedade e país.
De lá para cá, montamos uma equipa coesa, ultrapássamos obstáculos, agregámos níveis de ensino, apoiámos a Cultura e a Sociedade, mas sempre de modo paulatino, com passos pequenos, mas seguros.
Enquanto instituição já em funcionamento fazemos nove anos de existência, com programas de capacitação em diversas áreas do conhecimento, orientados sempre para as necessidades do mercado angolano. Penso que nos desenvolvemos e consolidámos como uma Academia de Vida educando e formando cidadãos, com uma aposta forte na valorização da Educação e da consciencialização cultural.
A nossa atuação, assente em três segmentos distintos de formação – a profissional, orientada para áreas técnicas de finanças, banca, seguros, contabilidade e áreas comportamentais; a formação para executivos com várias pós-graduações em Recursos Humanos, Gestão Bancária, Controlo de Gestão ou Negócio Agrícola, e a abertura do Instituto Superior de Administração e Finanças com três licenciaturas, nomeadamente Contabilidade e Finanças, Gestão Bancária e Seguros e Informática de Gestão Financeira –, diferenciou-nos e contribuiu para que sejamos reconhecidos como uma marca inovadora, com excelência e rigor, que se pauta pela ética e profissionalismo.
Como todas as instituições mundiais tivemos de adaptar-nos, pensar em como diversificar a nossa oferta para ir ao encontro das necessidades dos nossos clientes e hoje sabemos que o ensino à distância veio para ficar, mas que as pessoas querem divertir-se enquanto aprendem e fazê-lo em qualquer lugar ou circunstância. Sabemos também que, se anteriormente já o eram, hoje as parcerias são fundamentais e que a troca de experiências deve e pode ser universal.
Estamos a caminhar para a internacionalização, mas não nos esquecemos do compromisso que temos com o futuro das nossas jovens gerações, apostando em projetos de responsabilidade social comunitários e fora da capital do país, em bolsas de estudo para estudantes de mérito, no incentivo à cultura e ao desporto, mas, acima de tudo, na crença de que a mudança começa com cada um de nós e com o contributo que podemos dar – por mais pequeno que possa parecer será sempre imenso para quem nada tem.

«Todos devem contribuir para a mudança e sabemos o peso que a educação e formação/instrução têm para o desenvolvimento dos países»

Quais os objetivos traçados para o futuro próximo da Fundação e da Academia BAI?
A aposta e investimento no Capital Humano «não tem preço, mas a sua falta tem um custo elevadíssimo». Acreditamos na melhoria contínua para que possamos fazer a diferença na vida das pessoas sendo esta um pilar fundamental da nossa forma de ser e estar. Continuaremos a pautar a nossa atividade por elevados padrões de qualidade, rigor, ética e responsabilidade, para que dessa forma possamos, de facto, contribuir para a transformação geracional e desenvolvimento do nosso país.
A alteração de mentalidades, modelos de negócios e organizações nunca se demonstrou tão vertiginosa. O tsunami de mudanças e adaptações relâmpago que as sociedades viveram nos últimos dois anos trouxeram à superfície fragilidades que todos conheciam, mas poucos reconheciam. A mudança do paradigma social, cultural, político e económico ganhou novos contornos. A única verdade que se mantém inalterada é que todas essas mudanças são feitas por pessoas. Só elas têm a capacidade de ser, de fazer e de construir. O nosso papel é ajudar para que essa transformação seja feita por indivíduos e profissionais capazes e responsáveis.
O ano de 2020 obrigou a uma rápida adaptação a novas tendências e realidades, acelerando a necessidade de uma oferta mais completa e diversificada. Como é seu apanágio, os próximos anos da Academia BAI serão férteis em programas inovadores, novos formatos e conteúdos adequados às necessidades dos indivíduos e das empresas.
O mercado pode esperar por uma Academia ágil, proativa, solidária e responsável, que trabalhará na identificação das necessidades e na definição das ofertas formativas que mais se adequem ao desenvolvimento de cada profissional, mas também na colocação do seu talento e potencial ao serviço dos objetivos das organizações.
A Academia BAI pretende aumentar a sua pegada na sociedade angolana e lusófona e desenvolver programas que chegarão a uma fatia mais abrangente da sociedade. A Academia com, o rigor e qualidade de sempre, mas com uma visão mais arrojada, dinâmica e cada vez mais perto dos seus clientes e parceiros.
A Fundação BAI/Academia BAI é o parceiro de Vida e para a Vida!

T. Filomena Abreu
F. Edson Azevedo