Villas&Golfe Angola
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Albina Assis Africano

«Nunca pensei chegar a esta idade e ser conhecida pelo mundo»

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Desde o princípio que somos recebidos com um sorriso sincero, a envolver o lado vigoroso que guarda dentro de si. Por Albina Assis já passaram quase tantos cargos como pessoas, talvez tenha sido isso que a tornou uma boa contadora de histórias. Culta e perfecionista, a engenheira rapidamente se insere nos moldes de mulher-modelo: defensora convicta dos direitos humanos, líder, primeira mulher do país com cargo de Ministra dos Petróleos, currículo extenso, golfista, dona de casa, mãe e avó. Contando com uma vida repleta de escolhas e sacrifícios, Albina abre as portas de sua casa à V&G, desta vez para falar de tudo. Desde o papel da mulher angolana, à indústria petrolífera e alimentar, ao futuro das camadas jovens, à evolução de Angola, passando pelos sonhos e realizações pessoais. Esta é uma entrevista sem filtros, incitada pelo espírito crítico de uma das figuras mais acarinhadas pelo povo angolano. 
Começou por ser professora de físico-química. Alguma vez imaginou chegar aos cargos de Presidente da Sonangol, Ministra dos Petróleos, Ministra da Indústria e Conselheira do Presidente da República?
Eu nunca imaginei, até porque nunca se estuda para ser ministro. Comecei por seguir ensino. Na altura, arranjar um emprego no domínio da engenharia não era fácil. Lembro-me, também, de que, aos 13 anos, já dava explicações, porque gostava muito de matemática e físico-química, que eram a dificuldade de muitos. Preparava, inclusive, as pessoas da minha família para fazerem os exames de admissão ao liceu. Mais tarde, quando já estava a lecionar, acabei por começar a cobrar pelas explicações, para conseguir ganhar mais dinheiro. Aos que tinham poder económico, pedia mais; aos pobres, não cobrava nada. Isto tudo para dizer que nós nunca nos formamos a pensar que vamos para o Governo. Além disso, a minha ideia foi sempre a de permanecer no setor técnico. Estive ligada à política na minha juventude, mas o setor técnico era o que realmente queria. 
Já a trabalhar na empresa PetroFina, na área com a qual me identificava, recebi um convite do Governo e, na altura, como militante do meu partido, não poderia dizer que não. Foi uma mudança radical, do dia para a noite. Custou-me um pouco. Mas aceitei o desafio e acabou por ser uma grande surpresa, porque eu nunca pensei que as coisas corressem de uma forma tão positiva. Claro que há dias bons e dias maus, mas correu mais ou menos bem. Na Sonangol, não estive muito tempo e, no conselho de administração, estive cerca de dois anos. Acabei por ser convidada para o Governo e foi aí que a coisa se tornou mais complicada. São as responsabilidades, as críticas... E a verdade é que não estamos muito preparados para ouvir críticas. Eu procurei fazer o melhor possível, mas todos nós cometemos erros durante a vida profissional. Muita gente diz que fui uma boa ministra. Há sempre uns a favor e outros contra, e a verdade é que fui para um lugar especialmente dedicado a homens, pelo que não foi muito simpático para alguns. O papel de uma mulher numa função dessas não é bem aceite. Quando me formei em engenharia, trabalhei com homens, numa refinaria, e fazia praticamente tudo o que eles faziam. Se subiam 50 metros, eu também os subia. Se desciam ou abriam uma válvula, eu também. Ainda tenho alguns calos de abertura de válvulas. Mas, voltando ao Governo, antes pensava-se que os únicos que sabiam pensar e mandar eram os homens, mas hoje o mundo está diferente. Nós temos visto, mesmo pelo partido anterior, que as coisas têm vindo a mudar. Neste momento, temos uma Vice-Presidente da República, mulheres em cargos de chefia, direções e governos de província, o que prova que o papel de mulher nas tomadas de decisão está a ganhar peso.

Sente orgulho em ver a mulher angolana já numa posição capaz de vencer em termos profissionais?
Para mim, é um orgulho. Nós não temos de ter medo de ocupar o lugar que merecemos, desde que nos esforcemos para ocupá-lo da melhor forma possível, com capacidade. Eu também não sou apologista de que, só por ser mulher, se tem de ocupar um lugar. Não. A mulher deve ocupar o cargo com capacidade. Lembro-me de que, na altura em que fui para o Governo, passei domingos a ler leis, a ver a documentação, a tentar interpretar. Não saía de casa. E, no final, isso deu-me mais força para poder avançar e chegar onde fosse possível. 

Em todas as funções que assumiu, qual foi a decisão mais difícil que tomou?
Foi quando estava a trabalhar na refinaria. Vi-me numa situação em que tive de travar uma greve e dizer aos trabalhadores angolanos que os substituiria por filipinos. É chocante ter de dizer isso, mas o país não estava em condições de suportar uma greve no setor do petróleo. Estávamos numa situação de guerra e precisávamos de combustíveis. Logo que passámos para o multipartidarismo, as pessoas pensavam que viviam numa anarquia e não estavam preparadas para encarar nem o multipartidarismo, nem a sequência que foi o princípio da democracia, então, achavam que podiam fazer tudo. Nós consolidámos a lei da greve, mas esta lei também acarreta responsabilidades. Na altura, ainda não tínhamos sindicatos suficientes para suportar os efeitos da greve e acho que foi uma das decisões mais difíceis que tive de tomar. Depois, acabei por falar com os trabalhadores e disse-lhes que o que eles tinham de fazer era uma comissão de trabalhadores, o que seria levado a chefia superior para análise. Mas nunca tive necessidade de despedir funcionários, mesmo durante o meu tempo no ministério. 

Sente que essa foi a fase em que teve de ser mais dura com as pessoas?
Eu procuro compreender as pessoas. Claro que às vezes tenho de ser dura, mas é por razoes óbvias e porque as circunstâncias o exigem. O nosso comportamento não pode pôr em causa o nosso país. Na refinaria, tive sempre bons colaboradores e trabalhadores, mas trabalhar numa refinaria não é fácil. É duro para qualquer pessoa. Lembro-me de, às vezes, sair às 22h00, já noite, por ali fora. Não fazem ideia do que era o antigo Roque Santeiro, mas quem viveu lá percebe. Eu caminhava por ali fora, atravessava o Roque Santeiro, sozinha no carro... Não foi fácil, mas fiz isso muitas vezes. Enquanto passava, via pessoas com armas e fingia não ver, apenas punha o pé no acelerador para chegar a casa rápido. A refinaria era bastante longe de onde moro. Atualmente, os acessos são outros e faz-se muito mais rápido. 

Foram também esses momentos que a tornaram uma mulher mais forte?
Endurecem-nos, é verdade. Uma vez, estava com uma colega em pleno Sambizanga e o carro foi abaixo. Eu disse-lhe: «Não vamos ter medo». De seguida, parámos o carro, enquanto tentávamos perceber se o problema era falta de combustível, e apareceu um senhor. Pedimos-lhe ajuda. Lembro-me de que a minha colega me disse: «Tu tens coragem». Mas a verdade é que se tivesse medo seria pior. Outra vez, o carro desagregou-se. Peças para aqui, peças para acolá. E eu olhei em redor. Táxis não havia e eu já me começava a perguntar o que iria fazer com a minha vida. Entretanto, passou um senhor, que reparou que eu estava aflita, e lá me concertou o carro todo. Isto prova que, de facto, também há muita solidariedade para com as pessoas. O mundo está composto de gente má, mas também de gente boa. É isso que me dá força para continuar a reagir positivamente.

«É na agricultura que está o nosso futuro»
A sua condição de mulher alguma vez a limitou?
Eu nunca me senti limitada, mas às vezes deparamo-nos com situações que nos deixam... Por exemplo, há países em que, pela sua cultura, não se deve saudar uma mulher. Eu já estive perante uma situação em que estava presente um ministro, numa apresentação que ia fazer na África do Sul, que era natural de um país muçulmano. E ele pediu para avisar que não me podia dar a mão. Eu respeitei, porque percebi o motivo. Eu não o poderia contrariar, porque era correto para a cultura dele. Depois, no final do dia, recebi no quarto um quadro acompanhado de uma caixa de tâmaras. Foi o tal ministro, que me presenteou como sinal de respeito e carinho. 

Quais são os desafios da mulher angolana no atual contexto socioeconómico?
O desafio da mulher é o de contribuir para o desenvolvimento. Para o fazer, precisa de melhorar a sua formação e capacitação, assim como não se limitar a uma só área. Aliás, ela tem capacidade para trabalhar em todas as áreas possíveis. Hoje, também as estatísticas nos dizem muita coisa, uma delas é que há mais mulheres nas universidades do que homens. Creio que a mulher angolana está a seguir um bom caminho. Agora, é preciso acabar com o pensamento de que só vendendo o corpo é que se pode ganhar dinheiro. Cada um é livre de utilizar o seu corpo como quer, mas deve-se evitar isso, porque pode conduzir a doenças que são prejudiciais. Fazem essa vida muito novas e, depois, quando querem ter filhos, não é possível. São nessas pequenas coisas que eu acho que deveria existir mais trabalho a nível da comunicação social, para encaminhar jovens. Eu tenho pena da juventude, porque pessoas adultas já sabem como orientar a vida.  

Em declarações aos meios de comunicação, apelou a que os jovens valorizassem mais a independência do país, porque «não foi oferecida, mas foi arrancada pelos angolanos com muito sangue e muito sacrifício». Vê potencial nas camadas jovens que começam a surgir? 
Infelizmente, não vejo aquele potencial que gostaria de ver. A independência foi arrancada com sangue e sacrifício de muitos angolanos. Hoje, os jovens não ligam. Quantos guerrilheiros tombaram? Quantos intelectuais? Quantos caíram para que a pátria fosse livre? Os nossos jovens devem perceber que não foi um caminho fácil, nem para os angolanos, nem para os portugueses. Não foi uma independência dada de mão beijada. Houve países que praticamente não tiveram luta, servindo-se da negociação e discussão. Não foi o que aconteceu no nosso país. A independência de Angola foi, como eu lhe chamo, um parto arrancado a ferro. Daí as camadas jovens deverem estar formadas, a trabalhar e a apoiar. Nós já estamos a ir e são eles quem fica a conduzir este país. Ou se preparam convenientemente e percebem o significado de independência ou, então, Angola não vai dar passos significativos em direção ao progresso. 

Tem algum medo do que possa acontecer?
Um pouco, embora acredite na juventude. Mas, às vezes, o problema do dinheiro fácil pode levar essas gerações por maus caminhos. Aquelas que não têm formação poderão ser os alvos mais fáceis. 

Em 2010, em entrevista à V&G, dizia que o «futuro de Angola está na agricultura». Quase 14 anos depois, ainda pensa do mesmo modo?
Continuo a pensar o mesmo. Angola é um país que só deve ter aproveitado cerca de 10 ou 15% do seu solo, o que significa que ainda restam 80/85% para aproveitamento agrícola. Tudo dá neste país. O solo de Angola é uma dádiva, tudo cresce, tudo aparece, tudo vem, portanto é na agricultura que está o nosso futuro. Para isto se concretizar, é preciso passar da produção caseira para a produção industrializada. Numa primeira fase, aumenta-se a produção e industrializam-se os produtos para consumo interno. Depois, numa fase posterior, foca-se na exportação. 
Antigamente, nós exportávamos açúcar para a Europa. Hoje, temos de comprar. Tínhamos também tanto café... Já fomos o segundo ou terceiro produtor de café mundial. Hoje? Temos de comprar. Angola só vai evoluir quando a industrialização crescer. É benéfico também do ponto de vista da criação de postos de trabalho, porque a industrialização também faz aumentar os empregos. Agora, se eu comprar os fardos, que aquilo até é barato, levo o saco, compro, penduro e vendo, mas não estou a preparar ninguém, nem costureiras, nem modista... não estou a preparar nada. 
Com a idade que tenho, já passei por dois sistemas. No sistema colonial, na primeira fase dos anos 50, importava-se tudo de Portugal. Até que, de repente, resolveu-se começar a produzir em Angola, fazendo um programa chamado PPA (Prefira Produtos Angolanos). Nisto apareceram as salsichas feitas em Angola, o fiambre... Só não se fez o vinho porque Salazar não o permitiu. Nos últimos anos, já produzíamos manteiga e queijo. Todas essas coisas eram produzidas aqui. E Angola tem de retomar. Claro que não é fácil, porque tivemos uma depressão de expressão industrial grande, mas podemos retomar. Quando fui Ministra da Indústria tentei fazer alguma coisa, mas não fui suficientemente compreendida. A minha ideia era a de tentar aglomerar forças para dar um avanço para o arranque da industrialização. A agricultura acompanha a produção alimentar e poderia até contribuir para a redução da pobreza, porque os produtos alimentares seriam mais baratos e as pessoas menos favorecidas também poderiam ter acesso. Também nós temos de compreender os países quando estão em desenvolvimento, as coisas não se mudam de um dia para o outro. Mas hoje já vejo as coisas a encarreirar-se. Não há muito tempo, fui ver uma feira com produtos made in Angola. As coisas já começam a tomar o seu rumo, aos poucos.

«Creio que a mulher angolana está a seguir um bom caminho»
Fala frequentemente das carências que existem no domínio alimentar. O que é preciso ser feito para reverter a situação?
É preciso um aumento da produção em todas as províncias, quer dizer, cada uma com o seu nível de produção, mas como dá quase tudo em todo o lado... Nós temos trigo, aqui no Sul, assim como milho e uma série de produtos, de forma que podemos criar condições para que todas as pessoas e, sobretudo, as crianças não sejam subnutridas. Angola pode vencer a subnutrição, com trabalho e com o apoio de educadores sociais e nutricionistas. Às vezes, as pessoas só não sabem o que fazer, mas têm de trabalhar, de cultivar, enfim, de conquistar. Não é o Estado que tem de dar tudo de mão beijada, nem a Cruz Vermelha. É essa a mensagem que eu costumo passar à juventude.  

E no setor do petróleo, Angola está a par da matéria da sustentabilidade?
Eu, pelo menos, estou. A sustentabilidade é necessária, porque nenhum país vai continuar a crescer até 2030/2050, se não tomar em consideração a sustentabilidade. Bem, no tempo em que fui Ministra dos Petróleos, o petróleo não era o que representa hoje. Eu cheguei a ser ministra na altura em que o petróleo estava a 20 USD e o barril a 8 USD. Hoje, vi o petróleo a 78 USD. Portanto, quer dizer que há rendimentos que podem ser aproveitados em benefício de outros setores renováveis. E aí está um processo de sustentabilidade. Temos de passar para as novas energias, lentamente. A sustentabilidade ambiental tem de ser tomada em consideração a nível mundial, seja em países pobres ou ricos. Aqui, em Angola, felizmente, já se começou a apostar nas novas energias, com as centrais de energia solar. A energia fotovoltaica tem grande potencialidade. E podemos também ter energia do vento, já que temos uma zona deserta com muito vento. Podemos ter a energia das ondas... E a energia hídrica é possível com as barragens que temos. Portanto, Angola tem capacidade para entrar na sustentabilidade ambiental, mas de forma gradual, porque, claro, há sempre custos envolvidos.  

Sente que o mundo tem estado atento aos passos que o país tem dado?
Sim. Angola tem dados passos significativos de mudança. Quando nós vemos um país como os Estados Unidos da América a aproximar-se de Angola e a fazer investimentos no país, percebemos que o mundo não anda a dormir. Temos também relações sólidas com a China, dado que é um país que nos ajudou num momento difícil da nossa vida.  Angola, no pós-guerra, não teve resposta, nem da Europa, nem da América, e foi aí que a China deu passos significativos junto de Angola. Assim como a China, a América nunca nos deixou. A grande exploração de petróleo, nos primeiros anos em que fui ministra, era feita por parte de companhias americanas. Angola nunca deixou de ser vista como um país de futuro. E eu espero que as relações com Portugal se mantenham. É um país pronto e que, quer queiramos, quer não, é um irmão. Andamos sempre de braço dado com ele. 

O que mais a inquieta, quanto ao futuro de Angola?
Tenho receio de pararmos de melhorar. Creio que temos de marchar a passos rápidos para o desenvolvimento e para as novas tecnologias. Ainda hoje estive a falar sobre a inteligência artificial, da qual eu tenho um pouco de medo, mas nós, realmente, não temos outro caminho senão acompanhar as novas tecnologias. Caso contrário, vamos passando para trás, como se fosse uma maratona. É muito bom que Angola acompanhe a maratona. Mesmo que não consiga chegar à frente, já ganha só pelo facto de entrar no desafio.  

O que é que mais a assusta na inteligência artificial?
Assusta-me a ideia de que o nosso pensamento possa ser substituído por máquinas. Se calhar também já sou um bocadinho velhota e talvez não consiga interpretar bem estas coisas. Acredito que vá ser uma grande ajuda na vertente da medicina. Mas, mesmo assim, tenho algum receio. Talvez já não seja para o meu tempo. A inteligência artificial é como tudo, tem a parte boa e a parte má. A redução do emprego inquieta-me, por exemplo, embora se fale de uma nova filosofia de trabalho: o salário sem emprego. Ainda assim, o progresso pode conduzir-nos para o abismo, mas vamos vendo, pode ser que seja mais promissor do que pensamos. 

Promoveu a história, a cultura, a educação e a economia angolana. Considera-se uma embaixadora do país?
Creio que sou uma embaixadora quando vou para o exterior fazer uma Expo, porque efetivamente levo tudo o que Angola tem de melhor. Levo a história, a cultura, as tradições, a gastronomia, a música, a dança, a pintura... Cheguei a ser convidada para embaixadora, mas recusei. Ainda assim, levo o país ao peito e faço o meu melhor para promover a diplomacia económica. Angola precisa de investidores sérios, que a ajudem a dar o salto qualitativo para o desenvolvimento.

«Angola precisa de investidores sérios»

Sabemos que para o golfe tem sempre algum tempo. O que mais a cativa nesta modalidade?
O golfe é parte da minha vida e eu digo-o com toda a franqueza. Comecei há cerca de 30 anos. Não sou uma grande golfista, mas adoro jogar. Sinto-me bem num campo de golfe, parece que aquilo a que chamamos depressão desaparece. Na edição do Villas&Golfe International Cup deste ano passei um sábado feliz, mesmo não tendo jogado. Não ia preparada para dar tacadas, mas o ambiente do golfe é sempre muito familiar. Todas as pessoas se dão, independentemente do cargo e da posição social. Somos todos golfistas quando estamos ali. É isso que me dá felicidade e, honestamente, tenho pena de não ter meios financeiros para transformar o campo de golfe de Luanda num campo similar ao do Mangais. Mas ainda tenho esperanças de que um dia encontrarei um investidor que me venha ajudar a transformar aquele campo golfe num verdadeiro campo, como nós gostamos de ver. 

É a única na família ou já tem algum familiar que também gosta?
O meu falecido marido jogava comigo. Agora já influenciei um filho. E ainda sou capaz de puxar mais alguém. Talvez um neto. Porque golfe, parecendo que não, representa paz. Não é violento, aliás, é um desporto que nos dá uma certa liberdade e paz de espírito. Por isso, espero que a V&G continue por muito tempo com os seus torneios.  

Além de amante do golfe e apreciadora de sapatos, sempre se refugiou nos livros. Sonhava até escrever uma obra sobre as Expos. Ainda espera concretizar esse desejo?
Espero concretizar, sim. Quero escrever sobre a história de Angola nas Expos, temos conteúdo muito interessante. Em todas as Expos há novidade, é um mundo de maravilhas, de aborrecimentos, mas também de satisfação. Tem sido uma fonte de inspiração e de motivação para a minha vida. Acho que me dá forças.

Como é um dia na vida de Albina Assis?
O meu dia a dia é de trabalho, porque também não consegui aprender a fazer outra coisa. Eu já tenho 77 anos, mas continuo a trabalhar e sinto-me bem a fazê-lo.  

Que legado espera deixar ao país angolano?
Espero deixar a noção do que é realmente a formação e a educação, a par com o respeito pelo trabalho e pelos outros. Tudo isto dignifica e é daí que alcançamos o respeito em toda a parte do mundo. É pelo nosso comportamento e pela nossa forma de ser que granjeamos o respeito. Também confesso que nunca pensei chegar a esta idade e ser conhecida pelo mundo. 


T. Joana Rebelo
F. Edson Azevedo